Conscious leadership - Diego Monroy

Diego Monroy destaca o papel emergente do Chief Efficiency Officer e como essa função pode representar o futuro para empresas que buscam fechar a crescente lacuna entre o setor de tecnologia e operações.

Por Diego Monroy, Principal, Colômbia

Quando menciono a palavra “CEO”, a imagem que surge é a do principal líder de uma empresa. Mas e se eu disser que um novo tipo de CEO está surgindo? O papel menos conhecido, mas cada vez mais essencial, do Chief Efficiency Officer está em ascensão em determinados mercados ao redor do mundo, com a Europa, Ásia e Estados Unidos na vanguarda ao reconhecer seu potencial. Recentemente, a cidade de Nova York contratou seu primeiro. Mas o que é essa função e as empresas realmente precisam de mais um CEO?

A resposta é um sonoro sim, e aqui está o porquê. Mas antes, é importante contextualizar a questão.

Conectando os dois lados de uma empresa: por que o Chief Efficiency Officer é a peça-chave?

Minha trajetória diversificada no início da carreira me proporcionou uma posição única. Comecei no jornalismo e na comunicação, depois migrei para o setor de tecnologia, onde desenvolvi um aplicativo móvel e lancei uma startup de serviços financeiros voltada para pessoas sem conta bancária. Posteriormente, fundei uma startup de e-commerce com amigos, que foi vendida com sucesso anos depois. Essas experiências me deram uma compreensão profunda de como a tecnologia e a inovação podem transformar vidas. Além disso, foram valiosas na minha função como consultor de recrutamento executivo, permitindo-me aconselhar clientes sobre as habilidades essenciais necessárias para suas empresas.

Cerca de dois anos atrás, comecei a trabalhar com uma empresa francesa de seguros que estava passando por uma transformação digital. Em uma reunião com o CEO, ele expressou frustração com a falta de conexão entre as áreas de tecnologia e operações. Ele questionou como facilitar uma comunicação mais eficiente entre os dois lados e quais talentos seriam necessários para isso.

Sua pergunta me fez lembrar de um artigo que li em uma importante publicação de negócios sobre a ascensão do Chief Efficiency Officer.

O artigo refletia o sentimento do meu cliente, afirmando que as empresas frequentemente atuam sem interação entre as equipes de tecnologia e operações. De acordo com a McKinsey: "a mentalidade limitada dos colaboradores que hesitam em compartilhar informações ou colaborar entre funções e departamentos pode ser corrosiva para a cultura organizacional". 

Entretanto, os CTOs e COOs têm suas próprias direções, metas e objetivos. Então, quem é responsável por promover a verdadeira eficiência ao alinhar a empresa em torno de um objetivo comum?

colegas de trabalho conversando entre si

As habilidades necessárias para ser um Chief Efficiency Officer

A pessoa que aceita esse desafio precisa ter uma ampla gama de habilidades técnicas e estratégicas. É essencial que ela compreenda tecnologias emergentes, como IA, big data e blockchain. Além disso, deve conhecer o funcionamento do negócio, entender o produto e a proposta de valor, saber onde a empresa deve atuar no mercado e como conquistar seu espaço.

Essa pessoa será responsável por fomentar uma cultura de inovação, supervisionar a automação de processos e comunicar os benefícios a todas as partes interessadas, incluindo o c-level, colegas em toda a empresa e, claro, os clientes.

O mais recente ‘Pulse of Change Index’ da Accenture revelou que a taxa de mudança nas empresas aumentou 183% nos últimos quatro anos e 33% apenas no último ano. Com a tecnologia evoluindo mais rapidamente do que conseguimos acompanhar e o cenário econômico mudando quase diariamente, as habilidades de gestão de mudanças tornam-se competências interpessoais críticas que precisam complementar as habilidades técnicas. Convencer as pessoas de que a mudança é benéfica é desafiador; muitos líderes podem estar presos a maneiras tradicionais de operar. Portanto, essa pessoa deve estar confortável em liderar a transição para novos territórios.

colegas de trabalho conversando entre si

Quais indústrias podem esperar ver mais valor com o cargo?

Essa é uma pergunta comum em conversas com colegas e pares na indústria de recrutamento. A verdade é que essa função é relativamente agnóstica em relação ao setor e pode ser um divisor de águas para qualquer área. Na Page Executive, estou focado em serviços que impulsionam a economia do país, como serviços financeiros, setor de serviços, logística e cadeia de suprimentos, além de varejo e bens de consumo. Essas são as indústrias que identificamos como tendo mais a ganhar imediatamente com esse tipo de função. No entanto, prevejo que outros setores seguirão o mesmo caminho assim que os resultados positivos se tornarem evidentes.

O cotidiano de um Chief Efficiency Officer: quais serão as reais atribuições desse papel?

Após diálogos com diversos clientes que percebem lacunas na conexão entre as áreas de seus negócios, identifiquei algumas das principais áreas de foco que alguém assumindo esse papel pode enfrentar.

Primeiramente, é necessário que a pessoa se envolva profundamente no campo onde as atividades ocorrem. Por exemplo, um Chief Efficiency Officer da indústria de bens de consumo não deve passar 100% do tempo no escritório. Conforme ressaltado por um estudo da McKinsey, ele deve visitar as lojas e conversar com os gerentes para entender o que está vendendo bem e o que não está, além de descobrir a quantidade de produto necessária para a próxima semana. É fundamental que ele esteja ciente do que acontece “na rua”.

Em segundo lugar, essa pessoa deve estar à frente em relação a tecnologias emergentes. Isso envolve integração com essa área do negócio, diálogo com os profissionais técnicos, testes de novos produtos e softwares, além de reuniões com fornecedores. Mesmo que não tenha uma formação em tecnologia, um entendimento sólido do cenário atual e a capacidade de gerenciar pessoas com essas habilidades serão fundamentais.

Atualmente, estou lendo um excelente livro chamado The Emerging Strategy de Alejandro Salazar Yusti, que discute porque as empresas precisam reavaliar seus processos de planejamento estratégico anual. Todo ano, um negócio inicia suas atividades com grande impacto e uma nova estratégia; pode apostar que eles passaram três dias fora do escritório elaborando o plano perfeito. No entanto, o mercado inevitavelmente muda ao longo do caminho. No final, a estratégia pode entrar em conflito com a realidade do mercado.

É papel dessa pessoa estar à frente, atualizando constantemente o plano estratégico à medida que avança, comunicando-se com o restante da equipe de liderança e tomando decisões ágeis que redirecionem os negócios em resposta a fatores externos em mudança. Essa pessoa precisa ter confiança para mudar de direção e tomar decisões rapidamente. Como dizemos na Colômbia:

Você precisa construir o avião enquanto voa.

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O papel em ação

Há alguns meses, trabalhei para uma consultoria multinacional, recrutando um candidato para a posição de Lead Data Scientist.

Natalia Ochoa oferece um exemplo brilhante de como gerenciar com eficácia as amplas responsabilidades desse papel e tem feito isso com sucesso há quase três anos. Aqui, ela gentilmente compartilha uma visão de sua experiência conosco.

Empresas, mercados e economias estão enfrentando desafios cada vez maiores. Com as novas ofertas de tecnologia, os aplicativos de IA, como o ChatGPT, ganharam destaque, impulsionando a nos tornarmos líderes na utilização dessas ferramentas e a repensar nossas dinâmicas de trabalho. Esse avanço sublinha a necessidade de entender, aplicar e integrar essas inovações de forma abrangente em nossa organização. 

Um Chief Efficiency Officer deve estar à frente, avaliando criticamente cada nova ferramenta e integrando-a com cuidado aos processos, mantendo flexibilidade para adaptações. Meus princípios para liderar e promover a eficiência são: seja proativo, molde o futuro e coloque a mão na massa. Não apenas confie — prove. Não apenas floreie — faça funcionar. Não complique — aprenda enquanto avança. E, acima de tudo, seja mais humano: escute ativamente, aprenda amplamente, capacite quem está ao seu redor e crie espaço para novas ideias. A comunicação eficaz é crucial, mas continua sendo uma das habilidades mais desafiadoras em qualquer organização.

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Natalia Ochoa
Analytics Lead, Global Consultancy

Qual é o próximo passo para as empresas?

Líderes conscientes que leem isso podem se identificar com os desafios de equipes isoladas e a falta de comunicação interna. Contudo, mergulhar no desconhecido é um risco, não é mesmo?

O novo Chief Efficiency Officer é um papel emergente, e ainda não temos centenas de exemplos históricos para servir de referência. Entretanto, enquanto 57% dos CIOs afirmam desempenhar um papel ativo na definição da estratégia corporativa (de acordo com a PwC), fica claro que ainda há espaço para que o lado tecnológico do negócio se aproxime de sua contraparte operacional, a fim de impulsionar a eficiência real. Os CTOs e COOs que abraçarem essa mudança e diversificarem suas habilidades não apenas estarão se preparando para um sucesso maior, mas também se protegerão para o futuro, à medida que o papel multifacetado do Chief Efficiency Officer se tornar mais prevalente, conforme as empresas percebem quão benéfico isso pode ser.

Uma reflexão que me mantém humilde é a confiança depositada em nós para encontrar a combinação perfeita para algumas das empresas mais inovadoras e bem-sucedidas do mundo. Contudo, muitas vezes as empresas já têm o potencial dentro de suas próprias equipes. Com um pouco de treinamento e capacitação, talvez essa pessoa já seja seu COO ou CTO de destaque. Seja qual for o caso, nosso trabalho é apoiar empresas nas melhores decisões e, por meio de conversas profundas, descobrir os paradigmas que os levarão a novos caminhos em seus negócios.